O arminiano genuíno responderá SIM a esta questão (em geral os pentecostais, os metodistas, os adventistas, os participantes da Igreja do Nazareno), enquanto os batistas de modo geral, apesar de não crerem na predestinação, dirão um sonoro NÃO à pergunta (aqui temos uma postura interessante, arminiana no que diz respeito à predestinação e calvinista no que diz respeito à segurança eterna dos salvos).
Para fins de raciocínio, consideremos que a postura arminiana genuína esteja correta, ou seja, o homem tem livre arbítrio e pode decidir livremente se quer ou não aceitar a oferta da salvação; e seu livre arbítrio permanece inalterado durante toda sua vida, ou seja, este mesmo homem que num dado instante decidiu livremente, sem nenhum constrangimento de qualquer espécie, aceitar a oferta divina, pode também decidir, de maneira igualmente livre, rejeitar o sacrifício de Cristo e assim perder a salvação. Tudo muito lógico se isso não ferisse de morte um dos pontos da própria doutrina arminiana: a predestinação segundo o conhecimento antecipado de Deus, ou seja, Deus elege os que Ele sabe aceitarão a oferta da salvação. Digamos que o Sr. Jota aos 20 anos aceitou genuinamente a Jesus, estando portanto salvo. Aos 55, decidiu não mais crer no evangelho e morreu em um desastre uma semana depois, sem ter tempo de decidir aceitar a Jesus novamente. Obviamente, pela formulação arminiana o Sr. Jota, apesar de ter sido crente por 35 anos não gozará a eternidade ao lado de Deus, antes está condenado ao inferno. Pergunta-se: o Sr. Jota foi predestinado para ser crente somente por 35 anos? A predestinação segundo esse conhecimento antecipado foi frustrada? Deus foi pego de surpresa com a decisão do Sr. Jota de rejeitar a mensagem da cruz? Quem, no final das contas é o responsável pela salvação eterna — Deus, cujo trabalho se limita a montar o plano da salvação, ou o homem, a quem cabe perseverar diariamente na fé e que deve decidir diariamente se continua fiel a Jesus? Note que sobre o homem repousa uma responsabilidade tremenda.
Mas você poderia dizer, não, a formulação arminiana clássica não é aceitável neste ponto, pois o crente não pode perder a salvação, conforme lemos em Jo 10.28-29, o que nos conduziria, aparentemente, ao melhor dos mundos: livre arbítrio e segurança eterna. Mas será que é assim mesmo? Vamos refletir um pouco mais. Se esta formulação é verdadeira, significa que o crente uma vez salvo, mesmo que queira, não pode mais rejeitar a Jesus, posto que não há possibilidade de perda da salvação. Logo, forçoso nos é concluir que o homem só tem livre arbítrio até a conversão , cessando ela a partir daí, pois não há possibilidade alguma de o crente vir a perder a salvação, logo, ele não pode decidir após a conversão abandonar o evangelho. Abraçar essa idéia significa aceitar que o homem tem livre arbítrio durante um período da vida, e não durante toda a vida. Poder-se-ia perguntar se se pode chamar isso de livre arbítrio.
Vê-se, portanto, que a posição arminiana, quer a forma genuína quer a forma mitigada, tem dificuldades de lógica interna, com formulações se chocando (livre arbítrio X predestinação baseada no conhecimento prévio de Deus; ou livre arbítrio X segurança eterna; extensão do livre arbítrio).
Para resolver o problema do Arminianismo clássico só negando a predestinação de forma radical, mas conforme vimos acima, negar peremptoriamente a predestinação é ainda mais complicado, tendo em vista os inúmeros textos que falam expressamente de predestinação. Para resolver o problema do Arminianismo mitigado, só abrindo mão do livre arbítrio ou da segurança eterna.
Um comentário:
Pode-se pensar assim:
Deus predestinou a igreja no geral para a salvação.
Compare a igreja a um barco, o barco tem destino previsto.
A Pessoa aceita Jesus, é como se tivesse comprado a passagem para embarcar. Ela estando dentro do barco, está também destinada a chegar no local previsto.
Se a pessoa sair do barco, seja lá por qual motivo, deixará de seguir rumo ao destino do barco.
Deus predestinou a igreja através de seu plano, todos aqueles que aceitarem Jesus como Senhor e Salvador estarão predestinados, pois fazem parte da igreja, na sua onisciência Deus já sabe tudo, mas as coisas acontecem em nosso tempo presente, pois o que Deus opera, opera agora em nossas vidas.
Deus não fez tudo já de antemão, já planejou, mas as coisas acontecem em nosso tempo presente, logicamente que a visão de Deus é atemporal, mas para nós seres humanos acontece no tempo presente.
Deus faz a parte dEle, para que ele seja inculpável, mas nós também temos alguma contribuição, do contrário, seríamos como robos, marionetes, etc.
Posso até ser uma marionete nas mãos de Deus, que ele usa para o que bem entender, mas eu escolho se quero ou não ser esta marionete, se eu escolher ser serei muito abençoado e a graça de Deus operará em mim tanto o querer como o efetuar.
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