terça-feira, 20 de maio de 2008

A Quebra de Maldições é Bíblica?

por
Rev. Augustus Nicodemus Lopes

Uma das tendências do movimento de “Batalha Espiritual” é adicionar à obra de Cristo uma complementação feita por peritos em maldições. É ensinada claramente a necessidade de se quebrar as maldições hereditárias e de se anular compromissos que ficaram pendentes com o diabo, mesmo após a pessoa ter sido convertida a Cristo. Ensina-se que herdamos as maldições que acompanharam nossos antepassados, por causa de seus pecados e pactos demoníacos, e que precisamos anulá-las.
Êxodo 20 e Ezequiel 18
Geralmente o texto usado para defender este ponto é Êxodo 20.5, em que Deus ameaça visitar a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração dos que o aborrecem. Entretanto, ensinar que Deus faz cair sobre os filhos as conseqüências dos pecados dos pais, é só metade da verdade revelada.
A Escritura nos diz igualmente que se um filho de pai idólatra e adúltero vir as obras más de seu pai, temer a Deus e andar em seus caminhos, nada do que o pai fez virá a cair so­bre ele. A conversão e o arrependimento individuais "quebram", na existência das pessoas, a "maldição hereditária" (um efeito somente possível por causa da obra de Cristo). Este foi o ponto enfatizado pelo profeta Ezequiel em sua pregação ao povo de Israel da época (leia cuidadosamente Ezequiel 18). A nação de Israel havia sido levada em cativeiro para a Babilônia, e os judeus cativos se queixavam de Deus dizendo "Os pais come­ram uvas verdes e os dentes dos filhos é que se embotaram...” (Ez 18.2b) - ou seja, "nossos pais pecaram, e nós é que sofre­mos as conseqüências". Eles estavam transferindo para seus pais a responsabilidade pelo castigo divino que lhes sobreveio, que foi o desterro para a terra dos caldeus. Achavam que era injusto que estivessem pagando pelo pecado de idolatria dos seus pais. Usavam um provérbio da época, que nos nossos dias seria mais ou menos assim: "Nossos pais comeram a feijoada, mas nós é que tivemos a dor de barriga...”.
Através do profeta Ezequiel, Deus os repreendeu, afir­mando que a responsabilidade moral é pessoal e individual di­ante dele: "A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai... " (Ez 18.4b, 20). E que pela conversão e por uma vida reta, o indivíduo está livre da "maldição" dos pecados de seus antepassados (ver 18.14-19). Esta passagem é muito importante, pois nos mostra de que maneira o próprio Deus interpreta (através de Ezequiel) o significado de Êxodo 20.5. Ou seja, o segundo mandamento prevê a visitação do juízo divino sobre os descendentes de homens ímpios, descen­dentes estes que aborrecem a Deus como seus pais. Várias passagens no próprio Pentateuco deixam claro que a retribui­ção divina sobre os filhos dos que aborrecem a Deus é desconti­nuada a partir do momento em que estes filhos se arrependem de seus próprios pecados, e os confessam a Deus, confessando igualmente os pecados de seus pais, como Levítico 26.39-42.
Encontramos a mesma idéia em Nm. 14.13-34. Nesta passagem vemos claramente como a misericórdia e a longanimidade de Deus atuam em conjunto com sua justa ira contra os rebeldes e pecadores. Após a revolta do povo de Israel contra Deus, inflamados pelo relato desanimador dos dez espias incrédulos, o Senhor Deus condenou aquela geração incrédula a perecer no deserto. Seus filhos haveriam de levar sobre si as infidelidades de seus pais, até que estes morressem (v.33), após o que, os filhos entrariam na terra (v. 31). Aplicando aos nossos dias, fica evidente que o crente verdadeiro já rompeu com seu passado e com as implicações espirituais dos pecados dos seus antepassados, quando, arrependido, veio a Cristo em fé.
Fonte: LOPES, Augustus Nicodemus. O que você precisa saber sobre Batalha Espiritual. 3 ed. São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 2001. p. 60-62.

terça-feira, 13 de maio de 2008

A nossa Salvação

A salvação depende somente da vontade soberana de Deus, não do homem. Deus soberanamente escolhe quem salvar, aparte de qualquer condição encontrada no homem. Isto é chamado “eleição incondicional”. A eleição é uma expressão da vontade soberana de Deus e é a causa imediata da fé. A eleição é certamente eficaz para a salvação de todos os eleitos. Aqueles que Deus escolhe certamente chegarão à fé em Cristo. A eleição abrange toda a eternidade e é um decreto imutável.
Efésios 1:4-11 (observe especialmente os versos 5 e 11); 2:4; 10Atos 13:48João 1:13; 3:37; 8:47; 10:26; 15:16, 19; 17:2, 6, 9, 24Romanos 8:28-30; 9:1-24Romanos 9:15, 16; 11:4-8Joel 2:32 (compare com Romanos 10:13)1 Tessalonicenses 1:42 Tessalonicenses 2:13-142 Timóteo 1:9Tito 1:1Apocalipse 13:8; 17:8; 20:151 Coríntios 1:25-31Tiago 2:5Mateus 11:27-30
Deus é soberano em tudo o que faz e todas as coisas de acordo com sua vontade e prazer. Ele não tem de prestar contas ao ser humano, porque ele é o Criador e pode escolher a quem quer salvar.
João 6: 65Tiago 1:181 Pedro 1:23Atos 11:18; 16:14Deuteronômio 30:6Jeremias 32:39-40Ezequiel 36:26-27Romanos 9:20-21
Conclusão
A grande dificuldade que eu vejo com o entendimento da doutrina da predestinação está no intelecto humano. Não compreendemos a relação entre a justiça e a graça divina. De acordo com a Bíblia, a salvação não se fundamenta, de maneira alguma, no rígido princípio da justiça; pelo contrário, fundamenta- se no fato de ser ela o livramento da justiça. Se Deus tivesse resolvido exercer justiça para com os filhos caídos de Adão, nenhum deles pode- ria salvar-se. A justiça não é, em sentido algum, um fator determinante na salvação de nenhum homem. Se, portanto, Deus escolhe salvar alguns e não outros, conforme o provam os acontecimentos de cada dia, Ele ainda pode ser justo, como o seria, se não houvesse escolhido a ninguém da raça pecadora para a salvação.
O homem não é responsável por sua salvação, e sim pelos seus pecados. O pecado é uma violação do relacionamento entre o Criador e suas criaturas racionais, e este relacionamento constitui o princípio fundamental da responsabilidade do homem. Ele é um agente livre quanto à sua conduta como um ser racional e no final será julgado a respeito do bem ou do mal que praticou e não pela sua salvação.
Sua salvação talvez não será mencionada, quando ele se apresentar diante do tribunal de Deus; porém, os seus maus feitos ou o bem que praticou em nome do Senhor virão à luz. “Ao SENHOR pertence a salvação” e o homem, portanto, não pode ser responsável por aquilo que não lhe pertence. Mas todo homem deve responder diante do tribunal de Deus pela sua conduta individual.
Uma vez que admitamos a cooperação do homem na conversão e na sua justificação, não haverá paz de consciência. A questão sempre será: O quanto eu tenho que fazer? No entanto, o testemunho claro da Escritura, e é nisto que eu creio, que a salvação dos pecadores depende exclusivamente de Deus.