John M. Frame
Se toda a Escritura testifica de Cristo, a lei de Deus certamente não pode ser uma exceção. Como estudamos a lei no contexto de um seminário, então, nada pode ser mais importante do que estudar o seu testemunho de Cristo. Os ministros do evangelho precisam aprender como pregar Cristo à partir da lei.
De fato, a lei dá testemunho de Cristo de diversas maneiras, algumas das quais discutiremos nos seguintes pontos.
1. O Decálogo apresenta a justiça de Cristo. Quando dizemos que Cristo foi o cordeiro perfeito de Deus e o perfeito exemplo para a vida Cristã, estamos dizendo que Ele obedeceu perfeitamente a lei de Deus. Ele nunca teve outro deus diante do Seu Pai. Ele nunca adorou ídolos ou tomou o nome de Deus em vão. Os fariseus argumentavam o contrário, no entanto, Ele nunca violou o Dia de Descanso. Assim, o Decálogo nos diz como Jesus era. Ele nos motra Seu caráter perfeito.
2. O Decálogo mostra nossa necessidade de Cristo. A lei de Deus nos convence do pecado e nos leva a Jesus. Ela nos mostra que estamos separados de Cristo. Que somos idólatras, blasfemos, quebradores do Dia de Descanso, e assim por diante.
3. O Decálogo mostra a justiça de Deus imputada em nós. NEle nós somos santos. Deus nos vê, em Cristo, como guardadores da lei.
4. O Decálogo nos mostra como Deus quer que demos graças por Cristo. No Decálogo, a obediência segue a redenção. Deus diz ao Seu povo que Ele lhes tirou da terra do Egito. A lei não é algo que devem guardar para merecer a redenção. Deus os redimiu. Guardar a lei é o modo deles agradecerem a Deus pela salvação livremente dada. Assim, a Confissão de Heidelberg expõe a lei sob a categoria de gratidão.
5. Cristo é a substância da lei. Este é um ponto relacionado com o primeiro, mas ele não é exatamente o mesmo. Aqui eu desejo dizer que Jesus não é somente um guardador perfeito da lei (de acordo com a sua humanidade), mas que de acordo com Sua deidade Ele é Aquele que honramos e adoramos quando guardamos a lei:
(a) O primeiro mandamento nos diz para adorarmos Jesus como o único e exclusivo Senhor, Salvador e Mediador (Atos 4:12; 1 Timóteo 2:5).
(b) No segundo mandamento, Jesus é a perfeita imagem de Deus (Colossenses 1:5; Hebreus 1:3). Nossa devoção a Ele impede a adoração de quaisquer outras imagens.
(c) No terceiro mandamento, Jesus é o nome de Deus, diante do qual todo joelho se dobrará (Filipenses 2:10-11; conforme Isaías 45:23).
(d) No quarto mandamento, Jesus é o nosso Dia de Descanso. Em Sua presença, cessamos de nossos deveres diários e ouvimos Sua voz (Lucas 10:38-42).
(e) No quinto mandamento, honramos Jesus que nos traz como Seus "filhos" (Hebreus 2:10) para glória.
(f) No sexto mandamento, O honramos como a vida (João 10:10; 14:6; Gálatas 2:20; Colossenses 3:4), o Senhor da vida (Atos 3:15), Aquele que deu Sua vida para que pudéssemos viver (Marcos 10:45).
(g) No sétimo mandamento, O honramos como nosso noivo que Se deu a Si mesmo para nos limpar, para nos fazer Sua noiva pura e sem mácula (Efésios 5:22-33). Nós O amamos como a nenhum outro.
(h) No sétimo mandamento, honramos a Jesus como nossa herança (Efésios 1:11) e como Aquele que provê todas as necessidades para o Seu povo neste mundo e no porvir.
(i) No nono mandamento, O honramos como a verdade de Deus (João 1:17; 14:6), em quem todas as promessas de Deus são Sim e Amém (2 Coríntios 1:20).
(j) No décimo mandamento, O honramos como nossa suficiência completa (2 Coríntios 3:5; 12:9) para satisfazer tanto nossas necessidades externas como renovar os desejos de nossos corações.